Cientistas descrevem esqueleto de superpredador de 240 milhões de anos
Foi publicado na última semana, no periódico científico The Anatomical Record (EUA), um estudo apresentando detalhes do esqueleto de um predador de cerca de 240 milhões de anos que viveu no Rio Grande do Sul. A equipe, liderada pela doutora em Paleontologia pelo Instituto de Geociências jogo do barcelona Bianca Mastrantonio com a participação de pesquisadores de quatro instituições e dois países, descreveu o mais completo esqueleto de Prestosuchus chiniquensis já encontrado até o momento. “Prestosuchus é um animal icônico”, pontua Bianca, acrescentando que “ele foi o maior predador que já habitou nosso Estado. E, na época em que viveu, estava entre os maiores predadores do mundo”.
A espécie foi descoberta há quase um século, em uma expedição empreendida pela Universidade de Tübingen (Alemanha) na região de Chiniquá, em São Pedro do Sul. O estudo apresenta os resultados da análise de material coletado em rochas do município de Dona Francisca (RS). Todos os achados anteriores atribuídos a Prestosuchus eram de esqueletos incompletos e fragmentados. “Isso sempre foi um problema”, explica Cesar Schultz (UFRGS), também professor do Instituto de Geociências e coautor do estudo. “Para que possamos atribuir vários fósseis a uma mesma espécie, precisamos que eles preservem os mesmos ossos. E no caso de Prestosuchus, muitos dos fósseis conhecidos eram de diferentes partes do esqueleto, com pouca sobreposição de elementos”.
Com quase todos os ossos do crânio e a maior parte do esqueleto pós-craniano preservados, o espécime analisado será um dos principais materiais de referência para a espécie. Uma das conclusões da investigação é que será possível comparar espécimes fragmentários e confirmar que a maior parte deles, coletada no último século, é toda pertencente à mesma espécie.
A equipe levou um fragmento do úmero do animal até o Museu Nacional (UFRJ), onde aspectos de sua biologia foram inferidos a partir de análises histológicas. “Analisando os ossos microscopicamente, pudemos identificar que o animal estava crescendo de forma lenta, além de apresentar várias linhas de crescimento, que sugerem que já fosse um adulto”, aponta o paleontólogo Brodsky Farias (UFRGS), para quem, provavelmente, o animal ainda estava em fase de crescimento.
A paleontóloga Bianca Mastrantonio ressalta que, mesmo com quase 100 anos desde a descoberta dos primeiros fósseis, há segredos a desvendar sobre a biologia de Prestosuchus, e conclui: “Ainda temos trabalho pela frente”.
A pesquisa completa pode ser acessada em: https://anatomypubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ar.25383